segunda-feira, 18 de maio de 2009

Will You Come With Me?


O céu violeta escurece rapidamente, e as estrelas vão acordando uma a uma, preenchendo o céu como uma doce poesia. Os ruídos da floresta vêm até mim, avançando passo a passo, e colorindo a minha noite com o sussurrar mágico de quem busca o seu eu perdido, receando no entanto a visão do rosto há muito esquecido….

De olhos fechados, inspiro os aromas de fragrâncias antigas, que me preenchem a alma, e trazem lembranças de um brilho que outrora pulsou vibrante em mim.

Corujas, mochos e lobos, compõem a sua melodia envolvente, trazendo-me partículas de rosas e violinos, de lua e oceano, de amor e ódio, de saudade e luxúria, de paixão e incerteza, ateando o crepitar doce da fogueira que arde no meu peito….

O vestido de cetim rendado é afastado com ansiedade, enquanto elevo os braços aos céus e rodopio sem cessar numa entrega aos sonhos que deixei para trás. Só eles me preenchem o vazio, e a insatisfação, só eles me chamam pelo meu nome, só eles me ouvem e me compreendem, só eles me aceitam na pureza da minha loucura…

A porta está entreaberta, e com um passo apenas deambulo entre a rotina bem comportada e o desconhecido que me deslumbra.

Um gesto, um som, um sorriso, uma lágrima…… Elos perdidos que me fixam do outro lado do espelho, à minha espera….

Ousas vir comigo?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Olhar


Olhos fixos no nada,
Sonhadores, perdidos...
De malícia despidos
Aguardando a alvorada.

Olhos de alma magoada
Em busca de prazeres esquecidos,
Expressam os gemidos
Que percorrem a madrugada...

A luz envolvente de tentação
Que arde nesse teu olhar,
É grade invisível da prisão

Que me fizeste abraçar...
Perco-me no abismo da imensidão
Que o teu vazio me faz desejar.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Muralha Invisível


Solitária, contemplas da janela os caminhos sinuosos que rasgam os prados verdejantes em direcção à tua torre.

Na penumbra do quarto, olhas em direcção à janela e avanças para ela como que hipnotizada pelos raios de luz que penetram a obscuridade.

Abres a janela de par em par, avanças hesitante, e fechas os olhos saboreando a aragem quente que te envolve em sorrisos lânguidos de crepúsculo... Qual bailado da alma que te estende a mão invisível, ansiosa pelo toque suave que se adivinha no sorriso do olhar…

Mas oh…….. A aragem acaricia-te o cabelo, e enrubescida de tamanha ousadia o teu olhar retrai-se, subsistindo apenas a essência do perfume que oscila no ar.

Chegam aos ouvidos murmúrios de palavras doces e misteriosas, mas os teus olhos não conseguem ver para além das máscaras insensíveis e de ar distante… Desiludida, envolves a tua torre em bruma e nevoeiro, embora seja difícil resistir à atracção pela luz colorida que teima em querer romper a penumbra. 

Entreabres momentaneamente as cortinas de fumo, aspirando avidamente o sabor da vida, enquanto espirais de vermelho te presenteiam com suspiros. Vacilas, ante a expectativa de voltar a sentir, de voltar a saborear, de sair da redoma em que te refugiaste.... 

Encerraste-te num mundo a preto e branco, mas sabes, o arco-íris continua à tua espera….