quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Somos

Voar sem bússola
À descoberta de novos
Portos do sentir
Numa conquista destemida...
Navegar sem destino
Saboreando as marés,
Aportar onde a
Corrente me libertar...
Naufragar no desejo
Que consome a alma
No culminar
Da tempestade
Que me enlaça...
Quebrar rotinas,
Fazer-te sentir
O calor que me
Queima o peito,
E eleva para
O desconhecido...
Suspiro em ti,
Respiras em mim,
Somos.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Guardo-te

A lua chama por mim,
O céu não adormece
E eu deambulo na noite
Ao teu encontro.

Guardo-te no peito,
Onde pernoitas
Completando-me
Nesta noite fria.

Fecho os olhos,
Ainda saboreio
As tuas mãos macias
Na minha pele...

Abraço-me e
Ainda sinto o teu calor,
A tua chama intensa
No olhar doce,

A beleza da entrega
Espelhada no êxtase,
Partilhada num amor
Singular, sem cadeias.




domingo, 17 de fevereiro de 2013

Névoa



A vela solitária arde debilmente, projetando sombras nas paredes brancas  e nuas do quarto frio, e nos móveis sóbrios de ébano, que relembram épocas de outrora, quando a melancolia se achava dispersa e a saudade era apenas uma miragem.

Perpassa pela janela, a claridade pálida da lua, fazendo emanar dos escassos objetos que decoram a divisão, uma luminescência etérea... Como se não estivessem mais aqui, mas fossem apenas a memória abandonada de recordações tão intensas, que impregnaram o espaço e o tempo com a sua presença.

A tremeluzente chama da vela revela-se ineficaz.... Não lhe aquece o coração, não lhe ilumina o olhar, não diminui o frio que se apoderou da noite nem das cinzas esquecidas na lareira apagada..... As lágrimas do céu escorrem pelas vidraças, num bailado que preenche o silêncio e a aragem gélida penetra através de cada fissura, de cada espaço deixado vazio, de cada ausência.

Ela jaz, deitada no leito, inerte, de olhos fixos no nada que a rodeia, sem temor ou expetativas. Ao longe fazem-se ouvir os animais da floresta, vigilantes, companheiros fieis de longas vigílias. Ela sabe que não está sozinha. A névoa adensa-se no quarto, abraçando o vazio.

Neste vazio, ela é eterna.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Perfume


Beijos,
imensos, intensos...
Nesta noite
reverberas em mim
subtil e ininterruptamente,
despertando cada
lembrança de ti, em mim.....

O ar à minha volta
condensa-se, vibrando
em comunhão,
desfazendo o tempo,
obliterando a distância,
num magnetismo
de luxúria.....

Inspiro, respiro,
suspiro numa ânsia
que busca apenas
a metade ausente
da chama que
queima a alma,
da luz que reflete
o encontro puro,
desprovido de trevas
ou amarras...

Mergulho em mim
e encontro-te
num mar salgado
de suor quente
e loucura
espontânea,
intemporal, livre.

Uma vez saboreado
o encanto da rosa,
o seu perfume
fica impregnado
na pele despida,
jamais se esquece.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Livro Negro



No meu livro negro desabafo sonhos...

Nele se perdem as palavras, navegam anseios, nele escrevo o teu nome em cada página... Escrevo-o a tinta, a lágrimas, a sangue, com o suor da minha pele, escrevo-o e reescrevo-o enquanto for verdadeiro.

Nele alimento a minha fome de ti, com imagens de um filme a preto e branco, transparentes, sem artifícios ou manipulações... Imagens de um filme mudo, antigo, puras, onde os sentimentos são genuínos, os sorrisos vem da alma e a beleza interior ofusca o artifício.

Nele viajo além muralhas, nos grão de areia de um mar revolto de inspiração inflamada pela vida, no caos consentido de centelhas inquietas que o vento leva nos meus suspiros, no sal impresso na minha face pela dualidade ambígua que suspeito viver nas sombras.

No meu livro negro expressam-se as asas do desejo que transcende o efémero.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Entardecer...



Neste entardecer dourado, a paz e o êxtase completam-se... Revelam-se em silêncios eloquentes e abraços plenos de significado...