segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Chamas



Os relógios pararam, uma, outra e outra vez, por segundos, minutos, horas, dias.... O tempo desapareceu, deixando de fazer sentido, eclipsou-se no agora, diluiu-se num estado alterado de consciência. Transformou-se em pensamento alienado, em modo de pausa.

Como se tivesse sido transportada para uma película antiga, deixei de ouvir, deixei de ver. Fico muda no meu despertar de fogo. Ardo. A minha redoma interior expandiu-se na realidade do momento, presenteia a liberdade numa anátema sagrada.

O burburinho distante silenciou-se, os holofotes deixaram o palco na escuridão e a noite apropriou-se de mim. Sou apenas sentir, mas um sentir completamente vivo, pleno, vibrante. Sou êxtase em partilha, de mãos dadas, em comunhão ardente. Somos.

A ilusão quebra o sonho, clama-me de volta ao mundo colorido e apático... Os relógio voltam a bater em sintonia, ordeiramente, e os dias sucedem-se, uma, outra e outra vez..... Numa azáfama rotineira que acorrenta a vontade ao destino num horizonte planeado. Com limites, com amarras, com planos.

Até eu irromper em chamas, novamente, no meu próximo sonho.



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