quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Labirinto

Secretas,
As tuas portas
Entreabertas
De pensamentos
Obscuros
E sedentos...
Ouso penetrar
No teu labirinto
Sem hesitar,
Sentindo o passado
Eclodir
Em pecado...
Na escuridão
O despertar
Da prisão
Grita sem temer
A essência
Do meu ser...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Promessas Vãs

Prometeste ficar ao meu lado
Com palavras quentes
E cheias de significado...
Mas o nevoeiro surgiu
Dissimulado, arrebatando
A tua vontade.

Prometeste proteger-me
Da dor da saudade
E do esquecimento...
Mas a neblina adensou-se
Ocultando-me
da tua percepção.

Prometeste enxugar
As minhas lágrimas
Nos teus lábios...
Mas a água brotou das nuvens
E deixaste de ter sede
Do meu sal.

Prometeste aquecer
A minha alma com o teu
Hálito de Fogo...
Mas o vento gélido
Congelou o teu coração
Deixando-te sem fôlego.

Prometeste numa
Noite encantada
Jamais esquecer-me...
Mas o orvalho fez desaparecer
As palavras que
Gravaste na areia.

Das tuas promessas
Restou apenas o meu sangue
Pintado nas pedras solitárias
Que se erguem contra
O firmamento.
Prometeste, mas...

sábado, 8 de novembro de 2008

The Whisperer...

Como homenagem à minha querida Irmã Misha )O(, hoje coloco aqui um poema da sua autoria. Deixa despontar novamente o teu lado criativo.... ;)




The silent warrior wakes in the night
The shadows fill his heart with strength
“Oh Darkness, my sweet lover! The end is near and I shall face it!”
The cruel spirit moves in deep obscurity,
The trees shake afraid of the cold they feel;

The moon has disappeared from the sky,
The stars fell when love died,
The clouds, afraid of freezing, vanished into air…
Oh! The spirit of the Wind!

The warior walks above the land
Pursuing anyone who has fear,
Fear of the Dark, fear of Death!
Death is Fear and Fear is Death,
And the pain is the Darkness in our minds;

The rain has fallen no more,
The tears have stopped their stream,
The lakes and seas are dry, dried with suffering…
Oh! The spirit of the Water!

Light runs from the warrior
For he is darker than Darkness itself.
He sees nothing, he feels nothing,
He feels nothing but thirst,
The thirst of a Dark Revenge;

The sun won’t come up tomorrow,
The fire won’t burn longer,
The shines of golden fields will no more be seen…
Oh! The spirit of the Fire!

The silent warrior stops
He feels something else,
Something he had never felt before
It’s a growing sensation that fills him,
And he feels afraid;

The trees shook with cold,
The stones broken in pieces,
The animals ran in fear…
Oh! The spirit of the Earth!

He sees a Light, a powerful Light,
It’s the purity of harmony he sees,
The shine of golden hair and pale skin damage his eyes
He’s blind for a second but he recovers
For She has touched him, and he died… Screaming Her name…

And the Moon filled the Sky,
And the Rain fell too,
For the Light has came back
And now the trees scream too…
“Oh! The spirit of the Dark!”


27, Outubro 2001

Por Misha )O( em Twilight Caress

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ecos

O órgão ecoa pela Catedral... Ecos de fantasmas buscam a luz diáfana que penetra através dos vitrais descolorados pela passagem do tempo...

Esta noite, majestade e servidão encontram-se lado a lado, percorrendo as alas em lenta procissão. A musicalidade dos cânticos ressoa ainda em cada pedra, em cada imagem, em cada pintura.... Como que um chamamento, a energia parte da Ara e propaga-se como se de uma invocação se tratasse. As velas cintilam lugubremente, conferindo uma aura mística às lajes em ruínas, onde repousam os meus restos mortais.

Hinos de outrora ressuscitados para os heróis e poetas de amanhã numa busca incessante de vida, renovam-me com laivos de saudade, da queda no ressurgir da obscuridade.... Da minha queda, do meu mergulho no mar desconhecido e revolto, que me transporta através das teias do tempo, como num filme mudo a preto e branco, sem início nem fim.

Passa diante dos meus olhos a eterna caminhada que a divindade profana percorre de olhos vendados.... Invoco o presente, o passado e o futuro nesta noite ambígua em que mortais e imortais olham o infinito como se fosse a última vez…

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Próximo Passo

O pó rodopia no ar, em remoinhos de sonho espiralado, ganhando e perdendo formas, incessantemente.... Transmuta-se o real e o imaginário, materializando-se perante os meus pés, e apenas por escassos segundos, o caminho a percorrer. Ao hesitar, esfuma-se a visão e surge o idílio dourado que permanece nos recessos das minhas recordações.....

Consegues ver?

O Templo esplendoroso que reluz nas sombras e nos atrai magicamente para a sua placidez, convida-nos à busca do momento certo para dar o próximo passo.

Sentes o bater das asas que te elevam, ultrapassando os abismos e obstáculos que ficam para trás? Sentes a cor e o aroma dos prados que sobrevoas?

No passado ficou o cinzento adormecido das cidades estáticas que se desfaz, sem vida, morto à nascença, sem alma, pois a futilidade iníqua sufocou a gene do conhecimento...

Dá-me a tua mão, façamos o caminho juntas, seguindo a luz que morreu e renascerá ao amanhecer, nesta vida, e em muitas outras que se seguirão. Seguindo a Luz, iluminaremos o mundo em redor, sendo a centelha divina que dá alento. Verde de esperança e Vermelho de vida.