quarta-feira, 10 de abril de 2013

Heartbeat




Os fotogramas sucedem-se numa cadência vagarosa e pausada, conferindo uma aura sépia às imagens que, contrariadas, despertam da doce magia da madrugada. A noite foi longa, nebulosa, repleta de sonhos surreais e desejos prementes, espelhados nos olhos fixos no infinito, brilhando como tochas ardentes que se incendeiam ante os primeiros raios de sol da manhã. As gotas de orvalho aconchegaram-se, durante a noite, nas folhas das árvores, mas evaporam agora com o calor emanado pelo coração intempestivo que bate ininterrupto, oculto algures, no âmago da terra, entre as raízes do destino.

TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ...

O ritmo espaçado entranha-se irremediavelmente, ecoando pelos bosques, em mim, arrebatado pela aragem irrequieta faz estremecer o céu, alterando a rumo das nuvens esparsas que se espraiavam languidamente ao sabor da brisa, embelezando a aurora.

TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ...

Abraça-me, este compasso que se aninha em mim, cingindo toda a existência na sua dança eterna, subjugando a vontade e anulando a razão, que busca em vão reter esta onda poderosa que  tudo absorve em redor, num bailado singelo e apaixonado. Sente-se, o fragor que inunda e permeia, acalenta e arrepia, que completa e deixa o vazio, a cada ausência.

TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ...

O bater intervalado é agora a  melodia que me ferve nas veias insinuando-se como oásis de puro deleite, clamando por cada fibra do ser, conquistando cada momento solitário, revelando-se o véu misterioso que oculta o segredo dos ensejos.

TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ... TUMTUM ... ...

A noite tarda ainda, o reflexo encantador hipnotiza, a sede do toque agudiza-se.




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