quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Labirinto

Secretas,
As tuas portas
Entreabertas
De pensamentos
Obscuros
E sedentos...
Ouso penetrar
No teu labirinto
Sem hesitar,
Sentindo o passado
Eclodir
Em pecado...
Na escuridão
O despertar
Da prisão
Grita sem temer
A essência
Do meu ser...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Promessas Vãs

Prometeste ficar ao meu lado
Com palavras quentes
E cheias de significado...
Mas o nevoeiro surgiu
Dissimulado, arrebatando
A tua vontade.

Prometeste proteger-me
Da dor da saudade
E do esquecimento...
Mas a neblina adensou-se
Ocultando-me
da tua percepção.

Prometeste enxugar
As minhas lágrimas
Nos teus lábios...
Mas a água brotou das nuvens
E deixaste de ter sede
Do meu sal.

Prometeste aquecer
A minha alma com o teu
Hálito de Fogo...
Mas o vento gélido
Congelou o teu coração
Deixando-te sem fôlego.

Prometeste numa
Noite encantada
Jamais esquecer-me...
Mas o orvalho fez desaparecer
As palavras que
Gravaste na areia.

Das tuas promessas
Restou apenas o meu sangue
Pintado nas pedras solitárias
Que se erguem contra
O firmamento.
Prometeste, mas...

sábado, 8 de novembro de 2008

The Whisperer...

Como homenagem à minha querida Irmã Misha )O(, hoje coloco aqui um poema da sua autoria. Deixa despontar novamente o teu lado criativo.... ;)




The silent warrior wakes in the night
The shadows fill his heart with strength
“Oh Darkness, my sweet lover! The end is near and I shall face it!”
The cruel spirit moves in deep obscurity,
The trees shake afraid of the cold they feel;

The moon has disappeared from the sky,
The stars fell when love died,
The clouds, afraid of freezing, vanished into air…
Oh! The spirit of the Wind!

The warior walks above the land
Pursuing anyone who has fear,
Fear of the Dark, fear of Death!
Death is Fear and Fear is Death,
And the pain is the Darkness in our minds;

The rain has fallen no more,
The tears have stopped their stream,
The lakes and seas are dry, dried with suffering…
Oh! The spirit of the Water!

Light runs from the warrior
For he is darker than Darkness itself.
He sees nothing, he feels nothing,
He feels nothing but thirst,
The thirst of a Dark Revenge;

The sun won’t come up tomorrow,
The fire won’t burn longer,
The shines of golden fields will no more be seen…
Oh! The spirit of the Fire!

The silent warrior stops
He feels something else,
Something he had never felt before
It’s a growing sensation that fills him,
And he feels afraid;

The trees shook with cold,
The stones broken in pieces,
The animals ran in fear…
Oh! The spirit of the Earth!

He sees a Light, a powerful Light,
It’s the purity of harmony he sees,
The shine of golden hair and pale skin damage his eyes
He’s blind for a second but he recovers
For She has touched him, and he died… Screaming Her name…

And the Moon filled the Sky,
And the Rain fell too,
For the Light has came back
And now the trees scream too…
“Oh! The spirit of the Dark!”


27, Outubro 2001

Por Misha )O( em Twilight Caress

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ecos

O órgão ecoa pela Catedral... Ecos de fantasmas buscam a luz diáfana que penetra através dos vitrais descolorados pela passagem do tempo...

Esta noite, majestade e servidão encontram-se lado a lado, percorrendo as alas em lenta procissão. A musicalidade dos cânticos ressoa ainda em cada pedra, em cada imagem, em cada pintura.... Como que um chamamento, a energia parte da Ara e propaga-se como se de uma invocação se tratasse. As velas cintilam lugubremente, conferindo uma aura mística às lajes em ruínas, onde repousam os meus restos mortais.

Hinos de outrora ressuscitados para os heróis e poetas de amanhã numa busca incessante de vida, renovam-me com laivos de saudade, da queda no ressurgir da obscuridade.... Da minha queda, do meu mergulho no mar desconhecido e revolto, que me transporta através das teias do tempo, como num filme mudo a preto e branco, sem início nem fim.

Passa diante dos meus olhos a eterna caminhada que a divindade profana percorre de olhos vendados.... Invoco o presente, o passado e o futuro nesta noite ambígua em que mortais e imortais olham o infinito como se fosse a última vez…

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Próximo Passo

O pó rodopia no ar, em remoinhos de sonho espiralado, ganhando e perdendo formas, incessantemente.... Transmuta-se o real e o imaginário, materializando-se perante os meus pés, e apenas por escassos segundos, o caminho a percorrer. Ao hesitar, esfuma-se a visão e surge o idílio dourado que permanece nos recessos das minhas recordações.....

Consegues ver?

O Templo esplendoroso que reluz nas sombras e nos atrai magicamente para a sua placidez, convida-nos à busca do momento certo para dar o próximo passo.

Sentes o bater das asas que te elevam, ultrapassando os abismos e obstáculos que ficam para trás? Sentes a cor e o aroma dos prados que sobrevoas?

No passado ficou o cinzento adormecido das cidades estáticas que se desfaz, sem vida, morto à nascença, sem alma, pois a futilidade iníqua sufocou a gene do conhecimento...

Dá-me a tua mão, façamos o caminho juntas, seguindo a luz que morreu e renascerá ao amanhecer, nesta vida, e em muitas outras que se seguirão. Seguindo a Luz, iluminaremos o mundo em redor, sendo a centelha divina que dá alento. Verde de esperança e Vermelho de vida.

domingo, 26 de outubro de 2008

Alma em Ascensão

Os estandartes cruzam os céus num perverso ondular, presságio de sangue, dor e lágrimas... O rufar dos tambores cadencia a marcha através dos campos, enquanto imagens de heroísmo perpassam nos olhos dos poucos camponeses que saem para ver passar os exércitos.

A Cruz Templária ergue-se, qual estrela guia dos bravos monges guerreiros.

Ao deixarem Tomar, uma aura mística apossou-se dos fervorosos cavaleiros de olhar tranquilo. O suave murmúrio das litanias instiga à conquista, elevando-lhes a alma em ascensão ao Criador.

O derradeiro olhar à alvorada que se apaga no último suspiro....

Gritam de euforia as espadas ansiosas pelo troar dos canhões e pelo frémito do entrechocar de metal. Homem contra Homem, espada contra espada, machado contra escudo. Os ruídos crescentes da batalha que se aproxima ecoam pelas fileiras, fazendo tremer a terra manchada de vermelho que os acolherá no seu seio.

O calor das fogueiras flamejantes do acampamento na noite passada, envolveram as almas gélidas num calor sobrenatural. Os olhos marejados recordavam as famílias que não tornariam a ver, e juras de uma morte santa eram proclamadas entre companheiros receosos do sofrimento da agonia.

O sol vai agora alto no céu, e avistam-se ao longe os exércitos inimigos. Ele dá sinal para pararem. O vento fustiga-lhe suavemente o rosto, como que num beijo terno de despedida. O destino aguarda-os.


"À Carga!!!!"

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Curvas Coloridas

Curvas sucedem-se sem se questionar porquê, rectas que se dobram transformando-se em esferas que jamais retornarão à origem. As formas sólidas emergentes, são memórias de movimentos esquecidos, pruridos nas deambulações sincopadas que jorram da vontade mutante.

As cores nascem do teu movimento, contagiadas pelo nada efervescente que surge da fusão do arco-íris. Assim nasces tu, do nada que brota flamejante do meu coração palpitante e sedento de emoções.

Apagaste as rectas da minha existência e curvaste a minha essência num eterno descobrir, coloriste o passado espelhado nos meus olhos num renascimento tardio de certezas.

Conjugaste o múltiplo despertar no verbo eterno do sentir. Do meu sentir.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Estavas Enganada

De mãos dadas ao desconhecido, envolvo-me no meu leito aconchegante.... Fecho os olhos para adormecer mais uma vez e fugir do presente. Fugir para o meu mundo de sonhos. Nada faz sentido, mas sinto-me bem nessa casa virada de pernas ao ar, em que acontecem as coisas mais estranhas e ninguém fica a olhar para trás, continuam sempre a andar.

Uma voz esganiçada e irritante martela o meu cérebro.

"Vês? Eu bem te disse que estavas enganada!"

Bolas, nem a milhares de quilómetros de distância me deixa sossegada! Sacudo fortemente a cabeça para a desalojar do cantinho em que se instalou. Que vá destabilizar para outro lado. Nunca lhe pedi a opinião, mas arranja sempre maneira de se tentar fazer ouvir.

As janelas do quarto abrem-se de par em par, furiosas também com a intrusão, e uma rajada de vento provocada por um bando de corvos arrebata-a e leva-a num turbilhão para bem longe. Ahhhhhhhh..... Que sossego..... Sem pensamentos nem vozes nem consciências que me atormentem. Fundo-me com a minha almofada e brinco com as nuvens que passam ao meu lado.

Aqui o despertador não toca, os jornais não chegam e as televisões não noticiam desastres e assassinatos. Nem os telemóveis me apoquentam.

As janelas fecham-se devolvendo ao meu quarto um odor inebriante a incenso da lua. Afinal era ela quem estava enganada. O meu quarto é o meu santuário, aqui, só me importunam se eu deixar.

Prémio Dardos



Antes de mais, um beijinho grande à maravilhosa escritora Marcia Barbieri, que me deu a honra de me atribuir este selo.

O que é o "Prémio Dardos":"Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, que de alguma forma demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.


O Prêmio Dardos tem certas regras:
1. Aceitar exibir a distinta imagem (que está ao lado direito desta tela).
2. Linkar o blog do qual recebeu o prêmio.
3. Escolher quinze 15 blogs para entregar o "Prêmio Dardos. "

Ele deve ser passado a 15 outros bloggers, e assim sendo, carinhosamente, e agradecendo a todos por partilharem connosco a sua alma e arte, ofereço o Prémio Dardos a:

Acqua

As Ameias do Crepúsculo

Closure

Contemplativa

Crónicas da Peste

Esboços de Nus

Fios Dourados

Litle Black Book

Meia-Noite

Neo-Artes

Paradoxos

Pianistaboxeador21

Templo da Estátua Viva

Vertigens

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Bem, a semana parece iniciar-se com o pé direito... :)


Confesso que não estava à espera, mas foi uma surpresa muito agradável ter recebido o meu primeiro selo....


Vim parar à Blogosfera, porque comecei a ler as obras de arte um amigo que escreve muito bem, e apesar de eu escrever de uma forma completamente diferente senti saudades da minha veia de escritora que tinha ficado arrumada algures em baús cobertos de pó....


O meu primeiro poema (não tenho a certeza de lhe poder chamar assim) nasceu de um coração a sangrar, no meio de uma aula enfadonha de português.... Acho que frequentava o 9.º ano na altura.... Desde aí escrevi coisas que hoje ainda gosto, outras nem por isso, mas sempre encontrei na escrita uma forma de equilíbrio, de terapia.....


Pois é, encontrei-vos a todos, e devo dizer que vos faço a todos uma vénia! Uma grande vénia! Existem talentos desperdiçados por esse mundo fora, mas é tão salutar ter prazer no que se faz, e todos vós tendes prazer em escrever. Seja para meia dúzia de amigos, ou para milhares de desconhecidos da net, damos de nós, partilhamos delírios, loucuras, desaires, amor, sofrimento, opiniões.... Seja uma partilha pessoal ou umbiguista, deixa de o ser a partir do momento em que carregamos no "publicar", e ficamos receptivos aos comentários.....


Assim sendo, agradeço imenso à Acqua por este presente inesperado, e aos que me lêem, por aceitarem partilhar dos meus desabafos e fantasias....


Agora chegou a hora difícil de escolher.... Um beijo grande a todos, e especialmente esta singela oferta para a Goth Land & Lucifer's Kingdom; Hipérboles e Insanidades; In... Confidências; Ninharias; Psiquê e Terras de Gore.

sábado, 18 de outubro de 2008

Tejo Meu...



As Tágides nadam velozes, os meus olhos acompanham-nas até se perderem de vista. A lua redonda e cheia brilha no céu fazendo-me caminhar sem destino até à beira do promontório... Abraço-me, sentindo a brisa no coração...


Suaves melodias enfeitiçantes pairam no ar ao longo do rio, chamando pescadores e incautos, envolvendo-os numa rede invisível que os provoca e enlaça em ecos de murmúrios encantados. A imaginação pejada de alegorias derrama os simulacros pela vastidão da noite.


As ondas embalam-me, inundando a praia, o barco, a alma, e o espírito selvagem. Os meus olhos fechados contemplam odes de louvor, e o seu cântico purifica-me a alma marejada de sal...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Desilusão

Ela mordia o lábio inferior, concentrada no seu trabalho... As palavras ganhavam forma, letra a letra, redondinhas e bem desenhadas com tanto amor e orgulho! Seria uma surpresa extraordinária, a que Teresa daria à sua mãe...

Teresa era uma criança que tinha uma noção peculiar relativamente à passagem do tempo. Vivia no seu mundo próprio, que os crescidos apelidavam de "fantasia" e "imaginário", mas ela sabia-o bem real. Passava muito tempo a brincar sozinha, como filha única que era, e foi desenvolvendo uma faceta de exploradora. Numa dessas deambulações pela casa fez uma descoberta fantástica, um verdadeiro tesouro...

A sua preciosidade consistia num velho caderno forrado a veludo vermelho, cuja capa tinha sido bordada com ornamentadas letras douradas. Estava religiosamente guardado no fundo de um roupeiro bafiento com imensa roupa antiga. A curiosidade nata levou Teresa a folhear aquele estranho manuscrito. Intensos e delicados poemas de amor dançavam diante dos seus olhos, narrando uma história estrofe após estrofe.

A sua mãe ia ficar tão orgulhosa! Copiar palavras bonitas e complicadas com uma caligrafia perfeita.... Sim, porque aquele caderno devia ser muito importante para estar assim tão bem guardado...

Paciente e afincadamente, desenhava com cuidado cada letra, para ser um presente perfeito. Teresa sabia que a mãe não tinha muito tempo para brincar com ela, mas assim era a vida. Na sua sensatez de 7 anos de idade, compreendia muitas coisas, muitas além das que comentava. As gotas de suor corriam-lhe pela testa sem que se apercebesse.

Pronto!!! Teresa rodopiou feliz abraçada aos seus versos. Cuidadosamente dobrou a cópia, colocou-a num envelope, desenhou um grande coração e depositou-o em cima da almofada da mãe. Entretanto foi fazer os trabalhos de casa e arrumar o seu quarto, para não estar presente quando a mãe visse o envelope. Estava ansiosa por receber um beijo e abraço carinhosos, mas foi-se distraindo com os seus afazeres. Passado algum tempo, a porta do seu quarto abre-se com brusquidão.


"Quem te deu o direito de ires mexer nas minhas coisas? Onde está?"


Uma mão furiosa acerta-lhe no rosto ainda não refeito da surpresa.


"Nunca mais! Ouviste bem? Nunca mais te atrevas! Estás de castigo sua intrometida!"


A mãe agarra no caderno que estava pousado em cima da sua secretária, atira-lhe as suas folhas para o lixo, e sai do quarto batendo com a porta.


As lágrimas gritam a dor que a voz de Teresa não consegue clamar. De certeza que a mãe não leu até ao fim, não leu a dedicatória que ela tinha escrito. A culpa foi dela, devia tê-la colocado no início do poema. Nunca iria fazer nada suficientemente bem .... Nunca.....


Hoje, com 22 anos, nada mudou.



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Samhaim


A mãe Terra acolhe e fortalece os seus filhos dando-lhes energia para viver, amar, sofrer, e continuar a ter esperança, a recomeçar de novo, uma e outra vez. Os espíritos dos Antigos acompanham-nos e deixam pequenos sinais, subtis pistas apenas visíveis para aqueles que realmente desejam VER.

De que adianta navegar oceanos ou cruzar céus em busca da felicidade, se não a reconhecemos quando ela está perante os nossos olhos, sentada ao nosso lado?

Sentada num banco de jardim, escrevo as palavras sussurradas pelo vento que agita os ramos das árvores e brinca com o meu cabelo, fazendo-o ondular rebelde e pleno de vida... As folhas caem tendo já vivido e desfrutado a sua estação. Rodopiam suavemente, flutuando até pousarem na terra fértil que se prepara para os rigores do Inverno.

O início do novo Ano aproxima-se, aquela altura mágica de fins e novas etapas. Não, não é uma brincadeira de crianças com abóboras iluminadas, nem um baile de máscaras assustadoras e personagens fantásticas; é a metáfora da nossa existência, a descida ao submundo no dia em que a linha que nos separa é mais ténue.

Tudo o que nos rodeia entoa hinos, e eu ergo a voz enquadrando-me na melodia sagrada da natureza...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

There is no Hell




Não existem seres destinados à luz ou às sombras....
Os demónios podem surgir como anjos de um visual invulgar.
O preconceito limita-nos, retirai pois a venda dos olhos e logo surgem os lobos em pele de cordeiro....

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Meu Céu

Olhos perdidos no horizonte
Vagueiam por terras sem fim
Sede mergulhada na fonte
Salpicada de carmesim

Caminhada sinuosa
Através da luz apagada
Inspiro a noite em prosa
Soltando poesia iluminada

Pinto o meu céu
Da cor que envolve o ser
Dispo a tristeza no véu
Que instila a mente de prazer

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Kiss For You



Dedos entrelaçados
Fundem-se num beijo
Olhos enfeitiçados
Arfam de desejo

Emerge a paixão
Iludindo a falsidade
Entra o ser em ebulição
Gemendo de saudade

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Vejo-me...






As lágrimas que espalhei ao vento, voltaram nas tuas carícias salgadas, nesta intensa dualidade de ser e de sentir.... No amar sem limites e entregar-me sem reservas.... Olho-me ao espelho nos teus olhos, e finalmente vejo-me...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sépia


Momentos do passado.... Flashes que tentamos recordar, mas apenas surge algo enevoado, escassos momentos de lucidez, parcas lembranças... O nosso Iceberg não se quer lembrar de recordações incómodas, e opta por colocar um filtro graduado e excluir cenas...


Sabemos o que nos motiva e o que nos faz retrair, o que nos faz inchar de orgulho ou esconder nas sombras, as verdades e mentiras que vivemos e teatralizamos neste Acto. Somos os nossos próprios psicólogos com um automecanismo de defesa extraordinário.


Colorimos as imagens cinzentas que queremos embelezar, e colocamos a sépia instantes fugazes, mas.... Oh..... Lembras-te quando tirámos esta fotografia?


Lembras-te? Eu já me esqueci....


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Estrada

Os corvos voam em círculo no céu
Pressentem a tempestade crua e morna
Dispo-me com excepção do véu
Que cobre a minha voluptuosa forma

Brotam lágrimas dos rios que correm
Em busca da liberdade que se afasta
As gaivotas fingem que morrem
Em honra da alma pura e casta

Cavaleiros errantes da alvorada
No frémito da batalha pelejam
Reluz cintilante a heróica espada
Cujo fio sangrento de morte beijam

Caminhamos vogando em luta constante
Com antigos fantasmas esquecidos
Percorremos a estrada da vida necromante
A fim de realizar os sonhos perdidos

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Despertar



Secreto, o teu sorriso inquieto

Faz despertar a minha fantasia.

Recordo o teu rosto e prometo

Não mais fugir da alegria...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mãos Dadas




Faúlhas da fogueira se extinguem
sob o sopro da arcaica litania
temores inconfessos se diluem
Nos acordes dissonantes da melodia

Fantasmas austeros sem esperança
Vislumbra-se nas chamas ardentes
Não se aperceberam da mudança
Que os torna da vida ausentes

Ecoam no castelo encantado
Os acordes mágicos do violino
Extasio-me no prazer inusitado
Libertando o meu ego felino

De mãos dadas ao destino
Caminho sob o céu estrelado
És o meu prazer divino
Que deixou de ser envenenado

domingo, 21 de setembro de 2008

Imortal




Perco-me em devaneios estrelados
Límpidos como o reflexo do mar
Surgem na alvorada momentos rasgados
Que se libertam para não mais voltar

Palavras encadeadas pelo vento
Envolvem o coração em calor
Dores suspiradas ao longo do tempo
Navegam sem destino e sem temor

Soltam-se as vontades e as heresias
Baco e as Musas inspiram os poetas
Unem-se destinos e fantasias
Dando origem a portas entreabertas

A pureza ofusca o firmamento
Formando a aurora boreal
Procuramos em nós o momento
Que tornou o humano imortal

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Outono




A temperatura desceu. As manhãs acordam preguiçosamente, e o ritmo alucinante do dia-a-dia volta ao normal. As árvores foram gradualmente perdendo o tom verdejante, e as folhas receberam as pinceladas coloridas em tons de laranja e vermelho.


Eu adoro o Outono, mais talvez, do que qualquer outra estação. Não sei se por me aliciar convidativamente à introspecção, se por me proporcionar frequentemente ficar deitada a repousar entre braços aconchegantes, a ouvir as gotas de chuva que compõem bailado e sinfonia no telhado.


Antecipo o prazer de ficar placidamente enroscada no sofá, como uma gata siamesa, e saborear o mergulho na história de um bom livro. Ou o divagar por entre geniais criações alheias de palavras magicamente articuladas, e deixar-me imbuir com as várias interpretações do seu significado.


Talvez por isto e por tudo o que não consigo exprimir, esta seja uma estação que me aquece por dentro em contraste com o tempo que arrefece lá fora. Ao despertar nesta manhã cinzenta, sobressaio pelo vermelho que me incendeia, e a minha aura resplandece para ti.


Recordo com nostalgia os dias de sol à beira mar, e, dando-te a mão, caminhamos juntos nesta álea de tons quentes, em direcção a um amanhã instável e incerto, mas sorridente e esperançoso. Abraça-me. Porque a felicidade é construída a partir de todos estes pequenos momentos teus e meus. E eu já parti em busca dela.....

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Histórias por Contar




Empunho a minha pena, e faço-a deslizar suavemente no pergaminho. O aparo arranha levemente a sua superfície, produzindo um doce murmúrio de palavras sussurradas ao vento, procurando ser ouvidas pelos nossos olhos ávidos de aventuras e fogosas histórias de amores tristes. A pena vai contando a história das donzelas que não foram famosas, e cuja existência se pautou pelos sonhos não realizados.


Encerradas na escravidão das suas masmorras, jamais tiveram a coragem de rasgar os vestidos andrajosos, subir ao alto das suas torres e clamar ao vento os seus desejos. Jamais tiveram a ousadia de olhar para a luz ao cimo das escadas, ungir o seu cabelo de perfume e subir em direcção ao apogeu do baile. Jamais sequer tiveram a audácia de se olharem ao espelho, sorrirem e brindarem à sua beleza cativante.


Viveram como sombras, sem outra razão para existir senão serem o reflexo imperfeito e deformado das que brilhavam sob os archotes. A pena agita-se na minha mão, e impaciente urge em narrar as memórias esquecidas destas vidas melancólicas, pois as suas faces foram percorridas por lágrimas hesitantes e os seus lábios exalaram tépidos suspiros...


Nas pedras do castelo ressoam as lendas das verdadeiras histórias de amor que ficaram por contar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Estava à tua Espera...



O silêncio preenche a sala, moldando a redundância do vazio. O core do tempo não para, palpitando compassadamente os segundos que não te vejo. A ténue obscuridade encerra o meu despertar, a minha paz, o meu equilíbrio. Eu gosto das sombras. Do poder latente da minha imaginação, e do que consigo criar a partir delas.

"...O toque suave das tuas mãos no meu corpo..."

A amálgama de possibilidades permitem-me ascender à utopia da realidade. Os conceitos que parametrizo e reinvento ganham uma nova dimensão, um novo significado, como se fossem animados de vontade própria, e cunhassem em mim o seu ímpeto.

"...A tua pele colada à minha, falando uma linguagem de sensações..."

A profusão de ideias gira e rodopia moldando-se até tomar forma no aqui, e no agora. Os pensamentos jorram em torrente criativa, aguardando o momento final de proficiência  És tu quem os nutre e fomenta ao desenvolvimento.

"...A química dos teus lábios no meu rosto..."

E é nesta existência imanente que o meu EU mais verdadeiro se liberta e expressa, colocando a descoberto a essência. Vislumbro a perspectiva real com novos olhos, novas cores, sem abdicar do cinzento que faz parte do meu arco-íris.

"...Os sussurros entrecortados no eco..."

Uma nova fase sem limites emerge ao ritmo de marés que desconheço, mas saboreio o deixar-me levar à deriva na espuma das ondas. Deixo a minha sã loucura eclodir concretizando fantasias: recordações nossas animadas em sombras projectadas pelas chamas...

"...Finalmente chegaste, estava à tua espera.... Vem..."

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Querer

Olhos inocentes repletos de ternura
Acordam inconscientes, saem da escuridão,
Buscam a luz numa azáfama irreal
Na demanda cega pela paixão.

Saboreiam as cores da vida
Como se tudo fosse a primeira vez,
Mas o passado já os marcou
Nas recordações do que alguém já fez.

Olhos brilhantes, astutos,
Olhos perdidos em busca de amor,
Nas notas do violino esvoaçam
Livres das prisões e da dor...

Olhos com aroma a maresia
Mergulham os meus em prazer,
Elevam-me ao sabor da melodia
Sorriem ao futuro do querer!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Manipulações






Soam as pancadas de Molière.
Correm as cortinas, ilumina-se o palco,
Os holofotes focam
As marionetas inconscientes...
Como peças de um tabuleiro de xadrez
Movem-se os peões no jogo da vida,
Sem se questionar sobre o porquê.
Não sabem quem são, para onde vão,
Nem sabem o que vão fazer,
Simplesmente seguem o guião
Que alguém ousou escrever.
São manipulados pelo desejo
Induzidos por doces palavras alheias,
Seguindo uma trama de perdição,
Ou talvez não...
Acordo do sonho e sinto
As luzes a acariciar-me.
Declamo o meu texto na perfeição
Sendo congratulada
Com uma ovação de palmas.
A comunhão dos espectadores
Na profusão de sentimentos
Contraditórios, envolve
O auditório como uma brilhante
Teia diáfana de esplendor...
Os cordéis são puxados em tropel
Segundo o que está no papel,
Assisto do Balcão à peça erudita...
Os fios das marionetas são manipulados
Por mãos invisíveis,
E a peça continua....
Aguardam-se as cenas
Do próximo capítulo...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Spiral Dance

As gotas de chuva
Percorrem a minha face
Enquanto o Outono desflora
A languidez da minha pele.
A lua brilha nos meus olhos
Inundando a minha alma,
Aprimorando cada sentido,
Cada sensação, cada êxtase...
O tapete de folhas rubras
Crepita sobre as minhas raízes,
Afasto-me em direcção ao nada
Que preenche os meus desejos.
Mergulho na profundidade da floresta...
Os salgueiros acolhem-me
Nos seus braços retorcidos
Embalando-me ao sabor
Da suave aragem que flutua
Nos recessos da minha mente,
Os meus ramos ondulam
Celebrando os Deuses Antigos,
Proclamam a sabedoria
Que os Homens tentaram desvanecer,
Os hinos ecoam nos meus ouvidos
Hoje, amanhã e sempre.
Eu sou a natureza perdida
O troar vibrante da tempestade,
O gelo que me aquece,
As trevas que sucedem
O crepúsculo num círculo vivo,
O divino multicolor espelhado
Na dança do renascimento,
A eterna espiral da vida...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Abro Asas...




O tempo desdobra-se surreal
Manifestando o esplendor da criação,
Transcende a hipotética visão
Camuflada na verdade letal.


Imbuída na aparência real
Disfruto das ondas de emoção,
Abro asas para longe da solidão
Alcançando o espaço sideral.


Na eterna alvorada permaneço
Aguardando o momento final,
Fecho os olhos mas não esqueço,


Corro descalça no quente areal.
Imersa em esperança peço
Que a ilusão se torne real...

sábado, 6 de setembro de 2008

Futuro Incerto




Divago nas horas perdidas
Rumo a um futuro incerto,
Todas as possibilidades em aberto
À espera de serem vividas.

Coloco questões proibidas
Às esfinges do deserto:
Está a felicidade longe ou perto?
Debato-me com memórias esquecidas...

Não pertenço a este lugar,
Para te encontrar vou-me perder,
Melopeias loucas ecoam no ar

Aguardam o despertar do teu ser.
A viagem está prestes a iniciar
E ainda não aprendeste a viver...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Silence


As palavras não proferidas aumentam o abismo.

Sonhos Perdidos





As fadas esvoaçam e o luar
Cintila discretamente na escuridão,
Um brilho fugaz
Que preenche o
Infinito dos meus sonhos,
Dando-lhe cor e magia.
Suavemente o pincel
Esboça um traço
Subtil de esperança
Fragilmente delineado...
O cinzelado vai ganhando
Contornos quentes e suaves
da minha fantasia perdida
em baús discretos.
Desembrulho os sonhos
Não realizados, tornando
A colocá-los na
Estante das possibilidades.
Sonhos antigos, modernos,
Simples, complexos...
Amplexos recalcados
Do ser tiranizado...
Elevas-me até aos
Meus sonhos perdidos?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Lágrimas




Silêncio...

Saber ouvir o silêncio e

Captar as suas mensagens...

Olha-me nos olhos e

Diz-me o que vês...

Reconheces-me?

Silêncio...

A dor apodera-se novamente

E viajo para longe.

Longe de ti, longe de mim,

Longe de Nós...

Algures no espaço intemporal,

Em busca do meu eu perdido.

Silêncio...

Os olhos choram lágrimas invisíveis

Escondidas pela mágoa.

Da boca saem palavras mudas

Impregnadas de desalento.

É melhor mesmo que não as oiças.

As minhas mãos tocam

A lage fria, e abraçam

As rosas vermelhas.

Os espinhos rasgam-me a pele

E doces gotas de sangue

Escorrem envergonhadas

Pela pedra cinzenta.

A morte e a vida.

O ciclo eterno.

Sonho Indifuso

A realidade é obsoleta...
Fujo para o meu mundo encantado,
Flutuo para longe
Envolta em águas agitadas,
Procurando um refúgio
Onde retemperar as forças.
O sonho indifuso continua...
A chama etérea
Brilha mas não me aquece,
Os sons mudos querem
Contar-me os seus segredos,
Mas os meus ouvidos surdos
Não os conseguem perceber.
Tanto está ao nosso alcance
Mas não olhamos para o lado,
Recusamo-nos a ver
As mensagens que nos enviam,
E quando já é tarde
Chora-se sobre o leite derramado.
Eu acenei e não me viste,
Fiz uma fogueira,
Gritei, chorei, desesperei...
Agora refugio-me no meu mundo,
Onde estás?
Não te oiço...
Não te sinto...
Há tanto tempo...

Alguém...




Perco-me na profundidade do teu olhar, mas já não consigo acreditar na veracidade das frases que proferes... Que significado tem para ti afinal, as palavras salgadas de lágrimas? Agora? Que diferença faz o tempo? O que mudou entre o dia de hoje e tantos outros dias passados?


Infelizmente, eu mudei...


Há feridas que sangram, sangram invisível e lentamente, a vida vai-se esvaindo sem darmos conta, e a dor é tão grande que quase nos leva à loucura. A agonia constante de termos alguém ao lado e sentirmo-nos tão terrivelmente sós... De não existirem já centelhas que reluzam ao contacto.... Falta algo...


Um sentimento de vazio gélido vai ocupando o lugar das batidas frenéticas e ritmadas no meu peito. Falta-me o que para mim é como o ar que respiro, como a luz que me ilumina, como o sangue que me corre nas veias. Esse algo foi subtilmente desaparecendo, deixando-me mergulhada na escuridão. Tu transformaste-me, e por isso, infelizmente, eu mudei... E tens tu a coragem de perguntar porquê?????


Abraço a minha escuridão, o meu caos, o meu tudo e o meu nada. Mergulho nas minhas dúvidas para reencontrar as minhas certezas, e assim conseguir nadar até à superfície da minha alma em tempestade.


O carinho de que sinto falta, era impregnado de magia e de AMOR. Era algo vital que me nutria, me fazia sentir viva, mulher e feliz... Agora resta-me esperar que o gelo derreta, que o nevoeiro se dissolva, e as brumas que me protegem se dissipem.


Infelizmente, eu mudei...


E é tão mais fácil não sentir. A máscara e as muralhas de indiferença e insensibilidade são a defesa mais eficaz contra o sofrimento. Mas não fui eu que escolhi este caminho. É frustrante sentir-me desprovida do que considero o mais importante. Mas as vicissitudes da vida camuflaram a minha essência de fogo, e o meu incêndio foi apagado. A fase de rescaldo é lenta e dolorosa, mas tenho esperança que um dia, surja uma faúlha que reacenda a paixão incontrolável e me transforme em fénix renascida das cinzas.


A minha fortaleza tem brechas, mas só a pessoa certa saberá as palavras mágicas para penetrar no core sagrado, onde palpita expectante aquele pequeno rubi no pedestal... O dragão dourado jaz a seus pés, vigilante, pronto para devorar o incauto que se aproxime com o coração impuro. O tigre branco respira suavemente com o seu hálito nevado, mantendo as emoções inquietas numa dormência repousante. O gato preto repousa na sua almofada de cetim, e os seus olhos verdes brilham na escuridão. A falsidade ser-lhe-à rapidamente revelada, atacando o falsário com a rapidez letal do felino caçador.


A tríade repousa assim, aguardando que alguém com o seu sopro de vida impregnado de verdadeiro amor, confira ao rubi o brilho de outrora... Alguém que transforme aquele suave palpitar no trovejar electrizante dos relâmpagos... Alguém que aceite o pequeno rubi, e o ame por aquilo que ele é, sem o tentar transformar na miríade dos seus sonhos...


Alguém...

Pétalas de Rosa



Saborear cada pequeno momento,
Degustar cada lágrima de felicidade,
Viver de acordo com a vontade
Que nos ateia a alma, vivo rebento...

Ter cada pedaço de céu, pétalas de rosa,
Cada profundo suspiro, cada palpitação,
Sonhei com a terrena redenção
Ao alcance da humanidade reclusa...

Cada toque suave, cada alegre chilrear,
Cada regato cantando, cada paisagem,
Tudo me fazes viver e desejar...

Sem sair daqui inicio a deliciosa viagem
Que me preenche como nunca, sem hesitar
Mergulho no êxtase do teu olhar, profunda miragem...

11ABR00

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Bosque Secreto

O vento sussurrante chama por mim,
Por entre as árvores me conduz,
De olhos fechados sou atraída pela luz
Que brilha era após era, sem ter fim.

À minha espera estão três felinos,
Gatos pretos resplandecendo magia,
Guiam-me pelas terras da fantasia
Levando-me aos templos divinos.

Em ti encontro a paz, meu bosque secreto,
Doce esconderijo do ingrato quotidiano...
Surgem lindas Bruxas em meu redor

Sorriem com um orgulho discreto,
Pela fé da Deusa trocaram o mundano.
Juntas partilhamos conhecimento e amor...

domingo, 24 de agosto de 2008

Gelo




O silêncio ecoa no espaço,
Fecho os olhos e procuro sonhar
Com quem não consegui encontrar,
Tenho saudades de um abraço.

As partículas palpitantes espalhadas
Que restam do meu coração,
Jazem algures pedindo atenção
Mas desconhecem a quem estão destinadas...

O sol esforça-se por aquecer
Quem treme de frio na escuridão,
É demasiado cedo para beber

Novamente o elixir da paixão...
Lentamente o gelo inicia a derreter
Permitindo-me alegria no meio da ilusão.

sábado, 23 de agosto de 2008

Luis Royo

Não são necessárias apresentações a este artista.

Luis Royo

com música dos Nightwish

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Awakening




Poet of Darkness,
Creature of the Moon,
I seek the fairy gloom
That leaves me breathless...

I look inside of me
And dive in despair,
The breeze caresses my hair
Bringing me the salty sea...

Breathe to me my Queen,
Bring me back to life,
I ended my disguise
And awoke from my Dream.

Rise and Shine in the sky
My Goddess of delight,
Today is the chosen night
For our past to die.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A Escolhida




O cavaleiro galopa através da floresta. O luar e as estrelas iluminam o caminho, deixando ver imagens fugidias das criaturas fantásticas que se movimentam no seio da noite.

Tudo está expectante e aguarda a chegada do mensageiro da profecia. Para que a história volta a fazer sentido, e as lendas tenham o desfecho esperado..... Mas...... E se...... Talvez as Parcas tenham mudado de ideias.... E se a Escolhida não quiser abdicar da sua felicidade?

Não há decisão linear, e toda a acção tem várias consequências. Que mistério se encontra escondido no Sagrado Pergaminho lacrado?

O cavalo refolga devido à cavalgada desembestada. Os mochos e as corujas esvoaçam à sua volta, acompanhando a viagem excitados. O Povo Pequeno iniciou também a sua peregrinação em direcção ao Círculo de Pedras. As luzes das suas lanternas brilham na escuridão como fogo fátuo.

O futuro é uma interrogação incerta. A Escolhida não tem conhecimento dos planos dos Antigos, mas sabe que tem de encontrar a felicidade. O caminho é tortuoso, obscuro, e com muitos entraves, mas as dificuldades que se lhe deparam apenas lhe dão mais força para seguir em frente.

A lanterna que assinala a clareira reluz ao longe, a Escolhida aguarda a chegada do Mensageiro do pergaminho Sagrado. As escolhas indifusas enleam-se com o destino, mas a Deusa guia sempre os nossos passos....

Yin e Yang




A maresia procura-me...
O ar salgado das minhas lágrimas
Envoltas pelas tuas ondas
percorrem o infinito,
Tentando em vão encontrar
Uma emoção que as deixe
Escorrer no seu rosto...
O gelo à minha volta adensa-se.
Não sinto nada.
Os olhos vidrados fixam o horizonte
Para o qual um dia
Olhei com esperança e excitação,
Para o Sol que me acariciava a pele
E cujo calor me preenchia,
Para as nuvens que a minha
Fantasia transformava em
Mil histórias fantásticas e
Poemas de um Amor correspondido.
Hoje olho para a Lua que
me ilumina as noites, e cuja
Magia sinto pulsar nas minhas veias.
Transformei-me...
Tenho saudades de mim...
Fecho os olhos e estendo-me na relva,
Procurando fundir-me com a natureza
para me sentir viva e tentar que
O vazio não me preencha completamente.
Fecho os olhos e desejo
Que o Sol e a Lua brilhem
novamente no meu mundo encantado,
E ofusquem a bruma que me envolve.
Yin e Yang.
Procuro o meu equilíbrio
Para conseguir voltar à vida.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Na Sombra






Amanhã será mais um dia

Vagueando solitária pelo vasto

Areal, contemplando a imensidão

Vibrante do oceano...

Momentos de solidão apoderam-se

Inconscientemente do meu cosmos,

Luzes brilham ao longe, faróis que

Anseio poder seguir rumo à liberdade.

Porto de abrigo de ilusões

Edificado em dunas de areia,

Basta de me fazeres deambular sem rumo!

Esta é a noite em que desesperadamente

Viajo para longe, sem destino,

Olho a lua brilhante no céu

Ávida de vida, sedenta de amor...

Magoada, vazia, confundo-me com a escuridão

Fingindo não sofrer.

Sentimentos de angústia explodem e

Iluminam a sombra em que jaz

Distante o meu coração.

Oxalá abra os olhos e desperte do pesadelo...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fantasia


Nas brumas setentrionais da maresia
Reluz o ocaso que se afasta,
Ofusca a neblina que se arrasta
E nos faz emergir na fantasia.
De olhar vagueando no espaço
E asas impacientes por voar,
Salto para o infinito do teu olhar
Querendo perder-me no teu abraço.
Mergulho no vazio da imensidão
Querendo encontrar significado
No coração que jaz inanimado
E estremece em convulsão.
A tua voz já não me aquece
O teu toque já não me desperta,
Sangra em torrente a ferida aberta
Pelo teu desinteresse.
Esperas agora recuperar
O que foste deixando morrer,
Mas é já tarde para preencher
A solidão que ocupou o teu lugar.
Resta-me abrir as asas e fugir
Para o meu mundo encantado,
Onde a minha vida tem significado
Mas tu não consegues existir....
Começo a colorir a realidade
Para que o amanhã faça sentido,
Falta-me o amor perdido
Para restaurar a felicidade....

segunda-feira, 28 de julho de 2008

III - Mensageira de Incertezas

Toda a família aguarda já impacientemente reunida em redor da grande mesa do Salão. Todos se encontram eufóricos e ao mesmo tempo ansiosos, pois passaram-se algumas semanas desde que tiveram notícias de Blackborough pela última vez. Sente-se no ar o ambiente de expectativa...

As estradas têm sido muito mal frequentadas nestes últimos tempos. Os mercenários e os ladrões abundam pelas tabernas e bordéis, sempre dispostos a oferecer os seus serviços aos homens sem escrúpulos e de carácter dúbio, que não têm pudor algum de abdicar de umas centenas de moedas de ouro para ganharem posse de algo, ou fazer evaporar uma personagem que se torne inconveniente aos seus objectivos.

Embora o Túath de Bhile seja considerado minimamente bem protegido, não seria possível de momento garantir a completa segurança da população, dos bens, das casas e dos animais. Blackborough estava a atravessar uma fase problemática com a morte do Lorde do Túath. Lorde Pádraig "O Juíz" como era conhecido, proporcionava a estabilidade e a segurança de que o seu povo necessitava.

Neste momento, com o filho varão ausente por tempo indeterminado numa demanda desconhecida para a maioria da população, a fantasia do povo levava a melhor, e contos cheios de personagens fantásticas e objectos mágicos faziam o deleite dos contadores de histórias. Oh, como as famílias aguardavam o final da jornada de trabalho, para se sentarem junto à lareira a seguir à ceia, e ouvir as fábulas e as histórias fantásticas das personagens de outros tempos.... Ou talvez não....

Talvez a misteriosa demanda de Ionatán, e a beleza estonteante da indomável e efusiva Abaigeal façam sonhar os aldeões... Todos desejavam estar longe das preocupações do dia a dia, numa busca impossível de ser realizada, a combater dragões e feiticeiros amaldiçoados, enquanto a sua irmã de personalidade felina e cabelos de rubi assumia o controle do reino e lutava para manter afastados os caçadores de fortuna....

Abaigeal solicitou a Miriam a sua companhia durante umas semanas, pois aquele castelo sem outra presença feminina durante tanto tempo seria insuportável. Era necessário coordenar a construção de um novo edifício, contratar construtores, negociar pagamentos, enfim.... Uma quantidade infindável de tarefas que nunca conseguiria levar a cabo, se não tivesse ao seu lado a sua grande amiga de tempos imemoriais. No entanto, e apesar de todo o empenho, a competência e o vigor com que Abaigeal se dedicava à gerência dos assuntos do reino, a população sentia a falta de uma presença masculina. E isso era preocupante...

terça-feira, 22 de julho de 2008

II - O reencontro

Vários minutos decorrem até que Daigh se levanta, dirigindo-se lentamente para a porta do Salão, como se uma ligação invisível o guiasse. Quando está prestes a chegar, as portas rústicas em madeira maciça abrem-se de par em par, e uma misteriosa dama envolta numa capa de viagem molhada, faz a sua entrada.

No instante em que Miriam coloca os pés na sala, todo o ruído cessa subitamente. Os olhares estão postos naquela esbelta figura que surgiu do meio da tempestade. Ela baixa o capuz da capa, deixando admirar o seu fogoso cabelo encaracolado e os seus lábios carmim esboçam um sorriso enigmático na direcção de Daigh, que entretanto a alcançou.

-Estava preocupado com a vossa segurança. Nestes dias conturbados as estradas de Bhile deixaram de ser seguras. A vossa viagem correu sem sobressaltos?

- Sim querido Daigh, a viagem foi calma. Já estou a cavalgar há sete horas, apanhei a tempestade no seu auge nas imediações de Moonglass. As veredas estavam quase intransponíveis. Estou exausta meu tesouro.... O que me assegurou o retorno a salvo da intempérie, foram os excelentes corcéis com que me haveis presenteado...

Daigh segurou carinhosamente as mãos de Miriam, e levou-as aos lábios com ternura. O sorriso de Miriam resplandesceu, e os seus olhos de jade reluziram de paixão. Dir-se-ia que o resto do mundo se tinha pura e simplesmente evaporado, e existiam apenas os dois à face da terra, naquele lugar e naquele momento. Ficaram em silêncio vendo-se um ao outro no espelho das lágrimas de felicidade pelo desejado reencontro.

A família começou a aproximar-se para cumprimentar a recém-chegada, pois todos estavam ansiosos por saber novas de Blackborough.

Miriam e Daigh encolheram os ombros, entreolham-se e sorriem suspirando. A noite será ainda longa, e terão de aguardar umas horas até poderem finalmente cair nos braços um do outro.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

I - O inicio de um conto de outras epocas

Os raios rasgavam o céu ininterruptamente. Os trovões sucediam-se sem interregnos. O céu cor de chumbo, ameaçava eclodir num dilúvio a qualquer momento. O vento uivava ameaçadoramente, fazendo oscilar os antigos carvalhos, agitando as suas folhas e fustigando os seus ramos.

O ambiente no Salão Nobre estava quente, devido à lareira acesa, e as conversas estavam animadas pois o mead corria abundantemente das torneiras do tonel, para as canecas sôfregas e vazias... Reinava a boa disposição naquele ambiente informal, e apurando a audição, ouvia-se a harpa a ser habilmente dedilhada por Flann, o Bardo. Aquele músico era realmente excepcional. Dir-se-ia que falava com a nossa alma através da sua harpa, e emocionava a plateia até a levar ao êxtase, tal era o empenho com que tocava. Viamo-lo enlevar-se e deixar-se absorver com paixão na sua música, e com ele, viajávamos para onde o nosso coração desejava ir...

O crepitar da madeira em combustão era apenas apreciado por um belo jovem de seu nome Daigh, que contrariamente à multidão em geral, estava sentado em frente à lareira, absorto a ver os toros de madeira a serem consumidos pelo fogo. À primeira vista poder-se ia dizer que dormitava, mas após um segundo olhar notam-se-lhe os olhos semicerrados.

De compleição serena, este jovem tem uma presença muito forte, e apesar da tenra idade sente-se o poder de comando que dele irradia sem que se aperceba. Se algum dia chegar a ser um Líder, terá certamente o apoio incondicional de todos os que o acompanhem, e será lealmente seguido até ao extremo.

O cabelo castanho ligeiramente ondulado emoldura-lhe o rosto de traços másculos e perfeitos. Tem os olhos de sua mãe Lady Isleen, e não há vez que não se olhe ao espelho, que não veja o rosto da sua mãe a reflectir-se neles... As dificuldades pelas quais passou amadureceram-no demasiado cedo, mas transformaram-no num jovem com carácter, amigo do seu amigo, com um sentido de honra acima do comum, e no entanto doce e atento a tudo quanto o rodeia.

A alegria contagiante em redor de Daigh continua, e ao canto do Salão os efeitos do mead abundante começam a fazer-se notar, pois um jovem casal alegre sobe para cima da mesa de madeira e começa a dançar, sob os vivas de incentivo da plateia. Daigh suspende por momentos a respiração. Um ligeiro sorriso perpassa-lhe os lábios finos, e discretamente faz sinal a um criado para que se aproxime. Um breve conjunto de ordens rápidas são proferidas em voz baixa ao servo, e Daigh volta novamente à contemplação do fogo cujo clarão lhe ilumina a face esbelta.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Luz



Vinda do nada, surge a luz
Inebriante que me preenche os
Sentidos e me faz pulsar de vida!
Escuto os murmúrios inaudíveis,
Apago as centelhas de calor humano,
Despejo a minha alma e desesperadamente
Procuro começar de novo.
A paz que busco incessantemente
Relampeja ao longe, audaz,
Atenta às minhas quedas e recomeços...
Tudo à minha volta me incita em buscar
Sonhos perdidos que me tragam liberdade...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

All I Need




All I Need

I'm dying to catch my breath
Oh why don't I ever learn?
I've lost all my trust,
though I've surely tried to turn it around

Can you still see the heart of me?
All my agony fades away
when you hold me in your embrace

Don't tear me down for all I need
Make my heart a better place
Give me something I can believe
Don't tear me down
You've opened the door now, don't let it close

I'm here on the edge again
I wish I could let it go
I know that I'm only one step away
from turning it around

Can you still see the heart of me?
All my agony fades away
when you hold me in your embrace

Don't tear me down for all I need
Make my heart a better place
Give me something I can believe

Don't tear it down, what's left of me
Make my heart a better place

I tried many times but nothing was real
Make it fade away, don't break me down
I want to believe that this is for real
Save me from my fear
Don't tear me down

Don't tear me down for all I need
Make my heart a better place
Don't tear me down for all I need
Make my heart a better place

Give me something I can believe
Don't tear it down, what's left of me
Make my heart a better place
Make my heart a better place

Sinto falta...


As feridas parecem não querer fechar
E o coração quebra-se em mil pedaços...
Sinto falta dos teus ternos abraços
Que me acolhem como se o mundo fosse acabar...

As cicatrizes que a tua indiferença causou...
O vazio tomou conta do meu ser
E eu procuro algo para o preencher,
Mas mergulho apenas na solidão que restou.

De olhos melancólicos e vidrados permaneço,
Um mar de lágrimas teima em querer explodir,
O coração bate mais rápido, parece querer fugir,
Eu olho para o presente e esmoreço...

Tento reanimar o meu eu despido,
Quero desaparecer e ao passado voltar,
Para tu me voltares a descobrir e amar....
Eu necessito que a minha vida volte a fazer sentido!!!

domingo, 13 de julho de 2008

Incógnita


Uma suave melodia ecoa pelo castelo. O dedilhar rítmico aumenta numa intensidade crescente, e as notas parecem ganhar vida própria. Esta música coloca todos os meus sentidos em alerta, e eu extasio-me com a mensagem e beleza que aquela melodia me transmite, e com as recordações adormecidas que surgem na minha mente.

Nunca hei-de esquecer o preciso segundo em que te vi pela primeira vez... O teu doce olhar fixou-se no meu, e cativou de imediato a minha ternura. O tempo parou naquele instante, e aquele momento gravou-se de forma indelével no meu coração. A partir daí, passámos a fazer parte um do outro. Não sei por quanto tempo nos olhámos, mas tive a sensação que tinhas visto nos meus olhos, todos os segredos da minha alma, de tal forma me senti deslizar e enlear-me no teu ser.

O tempo retomou o seu ritmo vagaroso, e presentemente és apenas uma terna recordação. Quis porventura o destino unir-nos com um propósito que me é desconhecido. Talvez tenhamos que ensinarmos ambos, algo um ao outro. São demasiadas as questões que preenchem o meu intelecto, e sinto-me a viajar em direcção ao passado, à medida que oiço aquela melodia.

Descargas de energia percorrem todo o meu corpo, e recordo-me de como me fazias sentir... Oh Deusa, que saudades de me sentir viva novamente! Porventura alguma vez negar-me-ia a ser preenchida pelo Amor, se soubesse que esse amor me iria causar sofrimento? Jamais!

Começo a dançar ao sabor da música.... Deixo-me embalar.... Assim me deixo levar pela vida..... O passado é uma terna recordação, que guardo com carinho no meu coração. Mas o futuro, esse, é uma incógnita....

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Passeios na Floresta


As folhas das árvores sussurram suavemente os teus desejos. A doce aragem rodeia-me, transmitindo-me os teus pensamentos.

À medida que caminho pela clareira de olhos fechados, oiço o crepitar das folhas debaixo dos meus pés, e o alegre chilrear dos pássaros que esvoaçam à minha volta.
Apuro os sentidos e concentro-me: oiço ao longe um regato irrequieto que canta as maravilhas da natureza compondo uma sinfonia magistral.

Ahhhhhh...... A beleza do momento..... A perfeição do ocaso que ilumina este ameno anoitecer de Outono... O contemplar os infinitos detalhes de tudo o que me rodeia, e o capturar a verdadeira essência... As sensações atingem-me como bátegas de chuva incessante, e rodopio num furacão de percepções...

Entrego-me... Deleito-me com este "agora" e bebo avidamente da vida que me é oferecida. O calor e aconchego que as folhas tingidas de vermelho me proporcionam, transportam-me para as chamas da lareira do castelo, que crepitam furiosamente à espera de percorrer o firmamento para que duas metades da mesma alma se encontrem.

Os passeios na floresta apaziguam o fogo que arde impiedosamente no meu peito. As lágrimas de sangue que brotam dos meus olhos evaporam-se, à espera de te encontrar. Não sei quem és, mas aguardo o nosso reencontro...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Reflexo



Vejo-me ao espelho, não reconheço quem sou... Não reconheço os olhos que me olham do outro lado... Onde está o brilho no meu olhar? Onde está o fogo que transbordava? A alegria que eu emanava? A alquimia que transmutava?

Vejo-me ao espelho, e deparo-me com tristeza, com uma inquieta certeza, com uma crónica melancolia... Vejo a resignação com que vivo dia após dia, e o meu coração exige e afasta a solidão! Tenta em vão encontrar o calor, mas depara-se apenas com a escuridão...

Vejo-me ao espelho, e vejo-me realmente como estou, sem véus, sem ilusões, sem mentiras.... Vejo-me nua e crua, com todos os meus defeitos e todas as minhas virtudes. Analiso-me à lupa do microscópio, e mesmo que me disseque e retire as várias camadas que fui criando para me esconder, continuo a conseguir ter um difuso vislumbre do brilho de outrora, que permanece adormecido. Não, não está perdido o resplendor de outrora, apenas jaz a meus pés, inconsciente, letárgico, à espera de um toque de magia que me ressuscite de novo para a vida.

Vejo-me ao espelho, semicerro os olhos e vagueio inconscientemente pela minha mente. Desta vez consigo vislumbrar uma centelha de brilho, que tremeluz debilmente e teima em não se apagar. Mantêm-se como uma brasa, à espera que o ar faça entrar em combustão, o fogo que jaz adormecido na braseira.

Vejo-me ao espelho, e sorrio... Fecho os olhos e sinto um toque leve, fresco, a acariciar-me a pele. Saboreio a paz que começa a aquecer o meu ser... Lentamente a minha visão percepciona uma outra luz débil ao meu lado, adormecida, pulsando a vida latente. Olho à minha volta, e constato que não estou sozinha na escuridão. Uma centelha ilumina a outra, e juntas caminham lado a lado na escuridão, em direcção à luz.