sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tango



De olhos fechados, deixo-me conduzir ao som da música inebriante da vida. 


Como num tango, olhos devoram olhos e o toque absorve o fôlego apaixonado da carícia. 








.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Espiral



As estrelas brilham
No firmamento
Num suave ondular
Que tira o fôlego
Ao incauto que
Nelas fixa o olhar.

O desejo de as tocar
Surge numa espiral
Árdua de suster
Embora os sonhos
Em ascese pairem
No oceano do entender.

Longínqua jaz a
Esperança que o
Acaso aprisionou
Mas a incerteza
Sustém o embalar
Que o destino alcançou...

.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sonhos perdidos




O sono tarda em chegar
E a mente deambula
Por vales perdidos,
Dos quais resgatei
Sonhos estrelados
Que acalento na fogueira
Que me arde no peito...

Vogam as lembranças
Em escunas sem porto de destino,
Lutam contra a maré
Que as arrasta lentamente
Para a intempérie do limbo,
Onde tudo se esconde e
Nada volta à vida,
Nada se concretiza e
Tudo estagna na razão
Assertiva do comodismo...

Amorfa, a luz debate-se
Para atravessar a cortina
Que nos separa do azul celeste,
Da esperança que renasce
A cada madrugada
Nas cinzas da terra
Que alimentam a génese...

O Vidro que nos separa
Quebra-se em mil pedaços,
Lançando-nos no vórtice.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Abraço gélido



O frio percorre os recantos esquecidos em busca de companhia, mas o espectro que surge no teu lugar não demonstra ter consciência da solidão que se propaga lentamente nas sombras do Inverno perene que me consome.

Os trinados melódicos das aves emudeceram sob o manto nevado do crepúsculo, as flores jazem desprovidas de cor e de alma em compartimentos poeirentos de abandono, as árvores despidas vislumbram-se nas áleas brancas a perder de vista, enquanto o tempo escoa lentamente através das nuvens que salpicam o firmamento outrora estrelado.


Tique-taque   Tique-taque   Tique-taque


O abraço gelado da tua ausência, envolve-me.


.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Pedras


Pedras ocas
As que o meu suspiro alcança
No desalento da planície
Que percorro;
Não me devolvem
A audácia consumida
Nas chamas, nem alimentam
A tempestade que
Ilumina o plúmbeo céu....
Pedras que escondem
Mil sorrisos dissimulados
Na chuva que fustiga
O olhar travesso
Dos lobos que
Correm noite fora,
pelos trilhos da lua
Suspensa no meu peito...
Pedras que esperam,
Por mim...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Blood Tears

Beijaste distraidamente as tépidas
Lágrimas que jazem agora inertes.
O sangue que fazes reviver,
Ofereço-to nas palavras
Desalmadas que se atropelam,
Tingindo de rubro a tua vida...
Emanas doces sonhos tecendo
A cortina de seda que me envolve,
Respirando cada chama, na alma que
Sobrevive suspensa do teu olhar...