O céu violeta escurece rapidamente, e as estrelas vão acordando uma a uma, preenchendo o céu como uma doce poesia. Os ruídos da floresta vêm até mim, avançando passo a passo, e colorindo a minha noite com o sussurrar mágico de quem busca o seu eu perdido, receando no entanto a visão do rosto há muito esquecido….
De olhos fechados, inspiro os aromas de fragrâncias antigas, que me preenchem a alma, e trazem lembranças de um brilho que outrora pulsou vibrante em mim.
Corujas, mochos e lobos, compõem a sua melodia envolvente, trazendo-me partículas de rosas e violinos, de lua e oceano, de amor e ódio, de saudade e luxúria, de paixão e incerteza, ateando o crepitar doce da fogueira que arde no meu peito….
O vestido de cetim rendado é afastado com ansiedade, enquanto elevo os braços aos céus e rodopio sem cessar numa entrega aos sonhos que deixei para trás. Só eles me preenchem o vazio, e a insatisfação, só eles me chamam pelo meu nome, só eles me ouvem e me compreendem, só eles me aceitam na pureza da minha loucura…
A porta está entreaberta, e com um passo apenas deambulo entre a rotina bem comportada e o desconhecido que me deslumbra.
Um gesto, um som, um sorriso, uma lágrima…… Elos perdidos que me fixam do outro lado do espelho, à minha espera….
Ousas vir comigo?