segunda-feira, 28 de julho de 2008

III - Mensageira de Incertezas

Toda a família aguarda já impacientemente reunida em redor da grande mesa do Salão. Todos se encontram eufóricos e ao mesmo tempo ansiosos, pois passaram-se algumas semanas desde que tiveram notícias de Blackborough pela última vez. Sente-se no ar o ambiente de expectativa...

As estradas têm sido muito mal frequentadas nestes últimos tempos. Os mercenários e os ladrões abundam pelas tabernas e bordéis, sempre dispostos a oferecer os seus serviços aos homens sem escrúpulos e de carácter dúbio, que não têm pudor algum de abdicar de umas centenas de moedas de ouro para ganharem posse de algo, ou fazer evaporar uma personagem que se torne inconveniente aos seus objectivos.

Embora o Túath de Bhile seja considerado minimamente bem protegido, não seria possível de momento garantir a completa segurança da população, dos bens, das casas e dos animais. Blackborough estava a atravessar uma fase problemática com a morte do Lorde do Túath. Lorde Pádraig "O Juíz" como era conhecido, proporcionava a estabilidade e a segurança de que o seu povo necessitava.

Neste momento, com o filho varão ausente por tempo indeterminado numa demanda desconhecida para a maioria da população, a fantasia do povo levava a melhor, e contos cheios de personagens fantásticas e objectos mágicos faziam o deleite dos contadores de histórias. Oh, como as famílias aguardavam o final da jornada de trabalho, para se sentarem junto à lareira a seguir à ceia, e ouvir as fábulas e as histórias fantásticas das personagens de outros tempos.... Ou talvez não....

Talvez a misteriosa demanda de Ionatán, e a beleza estonteante da indomável e efusiva Abaigeal façam sonhar os aldeões... Todos desejavam estar longe das preocupações do dia a dia, numa busca impossível de ser realizada, a combater dragões e feiticeiros amaldiçoados, enquanto a sua irmã de personalidade felina e cabelos de rubi assumia o controle do reino e lutava para manter afastados os caçadores de fortuna....

Abaigeal solicitou a Miriam a sua companhia durante umas semanas, pois aquele castelo sem outra presença feminina durante tanto tempo seria insuportável. Era necessário coordenar a construção de um novo edifício, contratar construtores, negociar pagamentos, enfim.... Uma quantidade infindável de tarefas que nunca conseguiria levar a cabo, se não tivesse ao seu lado a sua grande amiga de tempos imemoriais. No entanto, e apesar de todo o empenho, a competência e o vigor com que Abaigeal se dedicava à gerência dos assuntos do reino, a população sentia a falta de uma presença masculina. E isso era preocupante...

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